O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, atribuiu à Frelimo, partido no poder em Moçambique, a “emboscada planificada, o ataque” de que foi alvo no sábado, afirmando que, para ele, é “como se não tivesse acontecido nada”.
“S ou general e militar, aquilo foi uma emboscada planificada”, afirmou em conferência de imprensa o presidente da Renamo a propósito do ataque ocorrido ao início da noite de sábado na província de Manica.
“Foi a Frelimo”, declarou Dhlakama aos jornalistas na cidade de Chimoio, capital de Manica, onde chegou mais de quatro horas após o ataque, que resultou em pelo menos sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro entre os presumíveis atacantes.
O presidente da Renamo estabeleceu uma relação entre o momento do ataque e a circunstância de ter passado um quilómetro antes por agentes policiais, sugerindo que foram estes que deram o aviso para a passagem da coluna do partido de oposição.
Na conferência de imprensa, Dhlakama disse que a noite cerrada não o permitiu ver com clareza os atacantes, apesar de, no local dos confrontos, à semelhança de militares do seu partido, ter atribuído a autoria da emboscada a homens da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e de jornalistas terem observado os feridos com uniformes desta força de elite moçambicana.
Para o presidente da Renamo, este incidente “é como se não tivesse acontecido nada”, referindo que o diálogo com o Governo pode continuar e que não teme a morte.
“Quem estava mais preocupado eram os meus próprios homens da guarda, todos nervosos, eu a rir, a rir, porque, pronto, eu cresci e é quase comida essa confrontação”, afirmou, avisando a Frelimo de que a sua execução poderia virar-se contra ela.
“Se eu tivesse apanhado os tiros e morresse, vocês [jornalistas] participariam num enterro e entraria um malandro pior do que Dhlakama”, declarou o líder da oposição, que sublinhou a ascensão no seu partido de pessoas preparadas para a sua substituição.
Relacionando a eliminação de opositores com “o pensamento dos comunistas da década de 70”, o dirigente político lembrou que o primeiro presidente da Renamo foi abatido em 1979 e que “apareceu um Dhlakama mais perigoso do que o [André] Matsangaíssa”.
“Se calhar, a estratégia é péssima para a própria Frelimo”, considerou, definindo-se como alguém que “negoceia, perdoa e tolera”, em vez de “entrar um que pode atacar a Frelimo em 24 horas, partir tudo, e aí perdem todos”.
Afonso Dhlakama recordou que já foi alvo de ataques anteriormente, o último dos quais em 2013 em Santungira, Gorongosa, e que não foi isso que o impediu de negociar.
“O não vai parar”, afirmou, desde que não sejam, observou, as conversações de longo-prazo há muito bloqueadas entre as duas partes em Maputo ou apenas “para apertar a mão [ao Presidente da República] para dizer que há estabilidade em Moçambique”.
Segundo o presidente da Renamo, a disponibilidade para negociar depende de “falar sobre o futuro em Moçambique enquanto moçambicanos” sobre coisas concretas e não “brincar com a Frelimo”.
Uma caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foi atacada ao início da noite de sábado na província de Manica, mas o líder da oposição saiu ileso.
O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.
Após o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio.
Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.